DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

2198 Hin (rãpâ)
interessante e significativa. No entanto, cada ocorrência deve ser cuidadosamente
comparada com outros contextos semelhantes. É bem interessante que rãpâ é empregado
em contextos poéticos apenas umas poucas vezes.
O substantivo r^pa Tm, “sombras” (q.v.), e o nome próprio repa 'im, “Refaim”, podem
estar relacionados com rãpâ ou rãpã ’, mas não é claro como isso acontece.
rcp ã’im. /. E sp írito s d os m o rto s, som b ra s. r p ’i, palavra e idéia de origem ugarítica,
com o significado de “os mortos que habitam o outro mundo”, é cognato tanto do hebraico
quanto do fenício r*pã'im. Em inscrições encontradas em túmulos em Sidom, os reis
Tabnite e Esmunazar referem-se aos r*pã'im , mas esse uso data do período helenístico.
O fato básico acerca das oito ocorrências da raiz no AT é que aparece exclusivamente em
passagens poéticas. Seu uso está determinado como o segundo sinônimo de pares de
palavras usadas em paralelismo. O paralelismo mais comum é o de “morte7“mortos” e
“espíritos” (Pv 2.18; Is 26.14, 19, uma estrutura poética mais complexa; Sl 88.10-11 (11-
121). O paralelismo de “espíritos” e “sheol” ocorre em duas passagens (Pv 9.18; Jó 26.5).
Em uma outra passagem o paralelismo é invertido, “sheol” e “espíritos” (Is 14.9). Em
ainda outro caso (Pv 21.16), tem-se um paralelismo complexo do tipo que tem sido
chamado de “paralelismo ascendente” modificado, no qual se coloca “homens sem
entendimento” em paralelismo com “espíritos”. Claro está que esse termo antigo e quase
mitológico era empregado apenas para satisfazer as exigências da estrutura poética
hebraica e que em nenhum momento dá a entender que a raiz f p ã ’im possua alguma
conotação específica que não a de sinônimo de “mortos” e de “lugar dos mortos”.
[Pode-se acrescentar que os dados encontrados em Ugarite não são seguros. Gordon
traduz a raiz rp ’i por “divindades”, “sombras dos mortos” (UT 19: n? 2346); Aisleitner, por
“1) príncipe (Fuerst), 2) Deus como Príncipe, 3) Baal como Príncipe dos deuses” (AisWUS
n°. 2575). Diversas das passagens se referem aos refaítas gentílicos; no Conto de Aqhat,
Daniel é chamado de homem-Rafa (ANET, p. 149 e ss., e veja-se r^pãtm II, abaixo). Em
algumas das outras passagens a tradução é incerta. Por exemplo, Ginsberg traduz a
palavra por “comunidade”, grifando-a (ANET, p. 146; KRT iii, 1.3). É metodologicamente
questionável empregar, como alguns têm feito (veja-se KB), extensamente esses dados de
Ugarite para determinar o significado que essa palavra tem no AT. Parece nào existir
nenhuma relação clara entre a idéia da raiz em ugarítico e a noção de outro mundo, e, de
qualquer forma, a teologia hebraica diverge da ugarítica.
São importantes e convincentes os dados hebraicos levantados por W. White e que
favorecem o paralelismo de rp ’i com “morte”, “mortos”, “sheol (ou túmulo” (cf. também
Sl 88.11 [12]). Entretanto, a característica que os mortos têm de ser espírito não é tão
clara. Na realidade, uma vez que o termo se refere a pessoas mortas, a tradução “os
mortos” há de se aplicar bem em todos os casos. Isso não nega que outras passagens
façam referência à vida ininterrupta da alma, mas não necessariamente numa semiexistência
nas sombras. R.L.H.1
repã*im. II, G ig a n tes, refa in s. Termo de origem ugarítica, designa um dos povos présemíticos
mais primitivos da Palestina. De acordo com os mitos e lendas ugaríticos o herói
Danei (que não tem relação nenhuma com o Daniel da Bíblia) e o paladino de Baal são
ambos chamados de “refaítas”. Não se sabe se essa é uma etimologia popular sem base
em fatos ou se é um termo baseado em alguma tradição histórica antiga. Os historiadores
do AT empregaram o vocábulo para descrever os moradores pré-israelitas da Palestina.
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