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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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1879 PT * (tsãdéq)<br />

significado original da raiz tsdq foi o ‘ser retilíneo’”, m as acrescenta que ela im plica uma<br />

“norm a” . Talvez a origem da palavra não seja tão clara ou mesmo significativa. Palavras<br />

com origem secular recebem muitas vezes sentidos especiais, e uma palavra que<br />

originariam ente indicava retilineidade pode facilm ente resultar num term o moral, da<br />

m esm a form a com o canon, “vara”, “régua de m edir”, passou a designar uma lista<br />

padronizada de livros sagrados, tsedeq se refere, então, a um padrão ético e moral, e, é<br />

claro, no AT esse padrão é a natureza e a vontade de Deus. “Justo [tsaddiq] é o SEN H O R<br />

em todos os seus cam inhos, benigno em todas as suas obras” (Sl 145.17).<br />

O m asculino tsedeq ocorre 118 vezes; o fem inino tsedãqâ, 156 vezes. Até onde se pode<br />

observar, as duas formas não divergem no sentido (SN AITH , ibid., p. 7 2 ).<br />

Os usos mais antigos de tsedeq ou tsedãqã (à exceção de Gn 15.6; 18.19; 30.33,<br />

ts‘dãqá) dizem respeito à função de juizes. Todos os pronunciam entos ou decisões deles<br />

devem ocorrer de acordo com a verdade e sem nenhuma parcialidade (Lv 19.15). A<br />

palavra também é aplicada a pesos e m edidas (Lv 19.36). A fraude e o engano nas<br />

relações com erciais não são permitidos. Nesses dois usos vê-se o sentido básico de “não<br />

se desviar do padrão”. A palavra descreve três aspectos de relacionam entos pessoais: ético,<br />

forense e teocrático.<br />

O aspecto ético envolve a conduta de uns com os outros. Alguns sustentam<br />

(ACHTEMEEER, The gospel o f righteousness, p. 68-70) que “retidão” é a qualidade de<br />

relacionam entos entre indivíduos. A conclusão a que se chega a partir desse ponto de<br />

vista é que retidão é uma questão de normas vigentes. Na realidade, a retidão se<br />

m anifesta som ente m ediante a conform idade aos padrões expostos na palavra de Deus.<br />

O homem que é reto procura preservar a paz e a prosperidade da com unidade<br />

cum prindo os m andamentos divinos acerca do próximo. No sentido suprem o o justo<br />

(;tsaddiq) é aquele que serve a Deus (Ml 3.18). Especificam ente, à sem elhança de Jó, ele<br />

livra o pobre e o órfao, ajuda o cego em seu cam inho, sustenta o fraco e é um pai<br />

(provedor) para os necessitados (Jó 29.12-16). Essa era a “roupa de justiça” da vida de Jó.<br />

Devolver, antes do pôr-do-sol, a capa que o pobre em penhou para que lhe sirva de abrigo<br />

à noite é retidão (Dt 24.13), sendo que neste caso o objetivo é o bem -estar da pessoa. Mas<br />

a “retidão” consistia na obediência à lei de Deus e na conform idade à natureza divina,<br />

tendo m isericórdia dos necessitados e desam parados. Dentre as outras justiças de Jó<br />

citam -se o cuidado que tinha com o viajante (Jó 31.31-32), a deliberada rejeição dos bens<br />

m ateriais com o um fim em si (31.24-25), dessa m aneira não prejudicando a si m esm o nem<br />

a outros com a busca da riqueza. Jó tam pouco sugou o último suspiro de forças de seus<br />

servos (31.13), levando em conta os limites de suas capacidades e o seu bem -estar. O longo<br />

juram ento em que Jó declara sua inocência foi uma afirm ação de retidão, com o bem o<br />

reconheceram seus três amigos (32.1).<br />

O tsaddiq dá espontaneam ente (Sl 37.21), sem se preocupar em obter benefício. A<br />

existência desse tipo de pessoas exalta a nação (Pv 14.34), e a m em ória do justo é um a<br />

bênção. Quando os hom ens seguem a Deus, diz-se que a retidão habita na cidade (Is 1.21).<br />

Mas quando o pecado domina, a cidade se tom a prostituta. Julgar por dinheiro em favor<br />

do ím pio é perversão da justiça, pois isso tira a retidão (decência, piedade) do justo (Is<br />

5.23). Davi foi (m ais) justo do que Saul porque recusou-se a m atar Saul que estava<br />

desprotegido (1 Sm 24.7), em bora aparentemente Deus tivesse entregado Saul em suas<br />

mãos. A fonte de toda essa conduta correta é a ação divina de conceder seus juízos (ou<br />

leis) e sua retidão ao seu povo (Sl 72.1-2).<br />

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