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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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2340 n t â (s h ü b )<br />

18.14). Na m aioria das vezes o sujeito é um a pessoa: “eu [Abraão] e o rapaz [Isaque]<br />

iremos até lá e, havendo adorado, voltarem os para junto de vós” (Gn 22.5). N o hifil<br />

existem 87 ocorrências de shüb com o sentido de “trazer de volta”, “levar de volta”.<br />

Em segundo lugar, com freqüência (mais de 120 vezes) shüb funciona com o uma<br />

espécie de verbo auxiliar cuja função é dar a idéia de repetição da ação do segundo verbo:<br />

“e ‘tornou’ Isaque a abrir os poços” (wayyãshõb yitshãq wayyahpõr, Gn 26.18).<br />

O terceiro e im portante uso de shüb no qal, e teologicam ente o m ais crucial, se dá em<br />

passagens que tratam da volta da com unidade da aliança para Deus (no sentido de<br />

arrependim ento), ou de desviar-se do mal (no sentido de renunciar ao pecado e rejeitá-lo)<br />

ou de desviar-se de Deus (no sentido de apostatar). Em tais contextos, shüb é usado 129<br />

vezes no qal. Em contraste, quando o assunto é o relacionam ento divino-hum ano,<br />

em prega-se shüb no hifil som ente 11 vezes. O verbo aparece nos dois graus num único<br />

versículo em Ezequiel 14.6: “Voltai-vos’ [imperativo do qal] e ‘fazei-vos voltar’ [imperativo<br />

do hifil] de vossos ídolos.”<br />

Levando em conta todos os graus do verbo, Holladay (p. 117) chega à conclusão de<br />

que há um total de 164 usos de shüb no contexto de aliança. Com o seria de esperar, a<br />

m aioria desses usos se acha nos profetas clássico-literários (113 vezes), com Jerem ias à<br />

frente (48 vezes). À guisa de contraste com Jerem ias, o uso de shüb no contexto de aliança<br />

ocorre som ente seis vezes nos primeiros 39 capítulos de Isaías (talvez apenas cinco, caso<br />

se interprete 30.15 não com o “em vos ‘converterdes’ e em vos sossegardes está a vossa<br />

salvação”, mas “em vos assentardes im óveis \yãshaby i.e., no deixar de estabelecer<br />

alianças com nações estrangeiras], em descansardes, está a vossa salvação]”. Nos outros<br />

27 capítulos o vocábulo aparece apenas quatro vezes: 44.22; 55.7; 57.17; 59.20. Por<br />

conseguinte, estam os diante de um interessante fenôm eno de dois profetas lado a lado no<br />

cânon, o prim eiro praticam ente se cala sobre o assunto, e o segundo se pronuncia bastante<br />

a respeito. A escassez de referências em Isaías se deve, talvez, à m aneira de o profeta<br />

dizer que a sorte já está lançada. De m odo bem contundente Deus diz a Isaías: “torna<br />

insensível o coração deste povo (...) para que não (...) se converta [s/iá6] e seja curado” (Is<br />

6.6). Chegou-se ao lim ite de recuo possível. Deus anteviu a obstinação do seu povo e<br />

incluiu-a no seu próprio plano. O profeta, portanto, não deve se sentir frustrado (M t 13.13<br />

e ss.).<br />

Deve-se assinalar que em vários lugares shüb significa “voltar do exílio”. No qal isso<br />

ocorre naturalm ente em Esdras e Neem ias (Ed 2.1; Ne 7.6), e tam bém em Isaías 10.22;<br />

Jerem ias 22.10; Zacarias 10.9, entre outras passagens. No hifil: 1 Reis 8.34; Jerem ias<br />

12.15, entre outras passagens. Deve ser óbvia a associação das idéias de volta do exílio<br />

e de volta para a aliança. A volta do exílio era a restauração e a recuperação tanto quanto<br />

o era a volta de qualquer forma de pecado. Que Deus havia de perm itir am bas as voltas<br />

é algo que confirm a a sua fidelidade à aliança.<br />

A bem da verdade, não há no AT nenhuma sistem atização da doutrina do<br />

arrependim ento. Mais do que qualquer outra coisa ela é ilustrada (Sl 51). Contudo, o fato<br />

de que as pessoas são cham adas a se voltar para Deus ou a se voltar de seus pecados<br />

deixa im plícito que o pecado não é uma m ancha inapagável, mas que, m ediante conversão<br />

(que é uma graça concedida por Deus), o pecador pode redirecionar o seu destino. H á dois<br />

lados na com preensão da conversão, o ato livre e soberano da m isericórdia divina e a<br />

decisão hum ana consciente de voltar-se para Deus, o que vai além da contrição e tristeza.<br />

Essa decisão inclui o repúdio de todo o pecado e a aceitação da vontade com pleta de Deus<br />

para a própria vida.<br />

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