DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1825 H in S (par‘õ h )
Esse verbo, empregado 16 vezes no AT, possui três significados básicos. O primeiro
é o de “desgrenhar”, empregado em referência ao cabelo no sentido de “cortar” (Lv 10.6,
13.45; 21.10) ou de “soltar” (Nm 5.18). O segundo é o de “desenfrear” (Êx 32.25 [duas
vezes]), “vendo Moisés que o povo estava ‘desenfreado’, pois Arão o ‘deixara à solta”’. O
terceiro é o de “desconsiderar”, “rejeitar” (Pv 1.25; 8.33; 13.18; 15.32).
A
Duas vezes emprega-se pãra‘ no hifil (Ex 5.4; 2 Cr 28.19). Uma vez é usado no nifal,
Provérbios 29.18, “onde não há visão, o povo ‘perece’” (KJV). Com base no uso de pãra‘ no
qal, uma possível tradução de Provérbios 29.18 é “onde não há visão [isto é, revelação da
parte de Deus], o povo fica ‘indisciplinado/fora de controle”’.
V.P.H.
1825 “ in S (par‘õh) F a r a ó . O hebraico par‘õh (em acadiano, pir‘u) representa a
transcrição e vocalização do egípcio per a‘o, “a Grande Casa”.
Originariamente a expressão em egípcio não designava o rei do Egito, mas sim o seu
palácio. Só na metade da décima oitava dinastia (1575— 1308 a.C.) a expressão tornou-se
0 título apelativo do rei. Como circunlóquio empregado para especificar o rei, a frase per
a‘o pode ser análoga à expressão “Casa Branca”, que às vezes indica o presidente dos
Estados Unidos, ou ao título “Sublime Porta”, com que se designava o sultão turco do
império otomano. Não há indicação alguma de que textos egípcios tenham alguma vez
utilizado “faraó” como parte do título oficial do rei.
Existem diversos faraós mencionados na Bíblia: 1) Neco, 2 Reis 23.29, da vigésima
sexta dinastia, o qual matou Josias (609 a.C.) em Megido. 2 Crônicas 35.22 diz que Josias
morreu porque não quis ouvir a palavra de Deus oriunda da boca de Neco! 2) Hofra,
Jeremias 44.30, que sucedeu a Neco, é objeto de uma profecia de Jeremias. 3) Sisaque,
1 Reis 11.40, da vigésima segunda dinastia, que acolheu Jeroboão quando este fugiu da
ira de Salomão. 4) Sô, o rei do Egito a quem o rei Oséias mandou enviados (2 Rs 17.4).
H. Goedicke sustentou que este não era o nome de um rei, mas de uma cidade (BASOR
171:64-6). K. Kitchen defende que esse rei é Osorkon IV (The third intermediate period
in Egypt, Aris & Phillips, 1973, p. 372-5).
Existem também vários faraós na Bíblia cujos nomes não são citados. Alguns são: 1)
O faraó visitado por Abraão (Gn 12.10-20). 2) O faraó sob quem José serviu,
presumivelmente um dos reis hicsos (Gn 39 e ss.). 3) O faraó da opressão e do êxodo, ou
Tutmés III e Amenófis II (décima oitava dinastia) ou Ramsés II e seu filho Memeptá
(décima nona dinastia), dependendo da data que se atribuir ao êxodo (século XV ou início
do século xm a.C.). Quanto ao faraó cujo coração “Deus endureceu” (o que talvez reflita
a maneira monista com que a mentalidade hebréia explicava os fatos da História), veja-se
Romanos 9.14-29. Usar providencialmente uma pessoa infiel como meio de revelar a
graciosa redenção divina a outros a fim de que possam ser resgatados é em si mesmo um
ato de misericórdia. 4) O sogro de Salomão (1 Rs 3.1; 9.16, 24; 11.1). O casamento de
Salomão com a filha do faraó possivelmente indica que o Egito desfrutava, como potência
política, de uma condição inferior em relação a Israel nessa época. A entrega de Gezer
pelo faraó a Salomão é muito provavelmente uma concessão territorial à guisa de dote.
Esse faraó foi identificado provisoriamente como Siamum ou como Psusenés II, os dois
últimos reis da vigésima primeira dinastia.
1239