DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

a bibliografia). O autor deste verbete sustenta q u e a existência da vida fulura é afirm ada
em m uitas passagens do AT, em bora não se apresentem detalhes a respeito. O estado
interm ediário e o destino dos ím pios recebem m enos atenção. A ressurreição dos ju stos
é clara e repetidam ente anunciada.
Um dos problem as de sh*’ôl é que hom ens tanto bons (Jacó, Gn 37.35) quanto maus
(Coré, Datã, etc., N m 16.30) vão para lá. Isso levou a igreja prim itiva a sustentar que os
santos do AT iam para um lim bus patrurn, uma espécie de nível superior do Sheol. do qual
Cristo os livrou quando da sua ressurreição (1 Pe 3.19; E f 4.9-10). Essas passagens do NT
são bastante problem áticas. A prim eira provavelm ente se refere apenas à pregação de Noé
pelo Espírito de Cristo; a segunda se refere à descida de Cristo dos céus e à sua volta para
lá.
Em vez de defender uma teoria de que o Sheol estaria dividido em dois
com partim entos, é m ais fácil sustentar um duplo significado para a palavra she ’ôl. Podese
afirm ar que originariam ente a palavra significava apenas “sepultura”, “túm ulo”, e
passou a designar especificam ente “inferno”. “Inferno” é o sentido m ais enfocado na
literatura bíblica posterior do que no Pentateuco.
Um ponto de vista com um hoje em dia é que shr’ôl é um nom e para o m undo
subterrâneo dos m ortos (Dahood e m uitos outros). O problem a com tal ponto de vista é
de natureza teológica. Será que o AT, contradizendo o NT, ensina que, após a m orte, todos
os hom ens vão para um lugar escuro e som brio onde os m ortos nada sabem e onde estão
3eparados de D eus? De acordo com registros m esopotâm icos, todas as pessoas vão para
o m undo subterrâneo dos m ortos, vivem em trevas e tristeza, com em barro e são
atorm entadas de diversas m aneiras. Não há tortura ardente. Um a vez que o NT ensina
algo bem diferente (Lc 23.43), seria possível sustentar um outro ponto de vista para o AT?
Um terceiro ponto de vista é de que o she ’ôl não descreve o lugar aonde vão as alm as
dos hom ens, m as o lugar aonde vão os seus corpos, a sepultura. O lugar para onde vão
as suas alm as é algo que se sabe a partir de outros trechos das Escrituras (Êx 3.6; Mt
22.32). Esse ponto de vista é atraente. Evita, de um lado, a teoria bastante artificial dos
dois com partim entos e, de outro, a teoria teologicam ente questionável de que no m undo
subterrâneo (ou no lugar dos espíritos dos que m orreram ) não há diferenças, sendo um
lugar em que todos v i v e m em trevas som brias e levam uma existência tenebrosa. Esse
ponto de vista não favorece idéias com o a do sono da alm a ou a da aniquilação dos ím pios,
pois se refere apenas ao destino dos corpos. N ão trata da situação das alm as das pessoas
até a ressurreição. A pergunta então é: nas diversas passagens a palavra pode ser
adequadam ente interpretada com o “sepultura”?
O espaço lim itado im pede um exam e detalhado, m as pode-se reunir um bom núm ero
de versículos em que o sentido “sepultura” é o único que parece fazer sentido. As quatro
ocorrências de Gênesis se referem todas a Jacó descer com tristeza à sepultura. As
referências a Joabe e a Sim ei, em 1 Reis 2.6, 9, são parecidas. À exceção de oito
passagens, todas as dem ais aparecem em textos poéticos, e pode ser que she’ôl seja
sim plesm ente um sinônim o poético de qeber, que é em pregado 71 vezes com o sentido de
“sepultura” (e o verbo qãbar é usado todas as 132 vezes com o significado de “sepultar” ).
Duas passagens do AT em que aparece a palavra she’ôl (Sl 16.10 [111; O s 13.14) são
citadas no NT (A t 2.27; cf. 13.35 e 1 Co 15.55). No prim eiro caso a passagem é usada para
dar apoio a Cristo ter ressuscitado corpoream ente da sepultura; a segunda, a ressurreição
dos crentes.
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