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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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existência consciente. Nenhum desses detalhes se acha no quadro descrito pelo AT, mas<br />

o ponto de vista é que o AT descreve algum lugar desse tipo mas sem as idéias pagãs<br />

associadas.<br />

Teologicamente parece que essa posição tem alguns problemas. Ela diverge da<br />

apresentação feita por Cristo em Lucas 16, que descreve dois lugares totalmente<br />

separados e bem diferentes. Um velho ponto de vista aceito na igreja é que na época do<br />

AT havia um único sheol, com duas divisões, sendo uma delas o Umbus patrum, do qual<br />

Cristo libertou os crentes quando ele “desceu ao inferno”. Esta última expressão,<br />

encontrada no Credo Apostólico, é encontrada apenas em formas do credo usadas depois<br />

do século IV. Não é utilizada no Credo de Nicéia, que é um aprimoramento do Credo<br />

Apostólico. A expressão pode ter tido origem em razão da crença num limbus patrum ou<br />

de uma crença cada vez maior no purgatório; isso não está claro. O versículo de Efésios<br />

4.9 é às vezes citado para sustentar a idéia, mas essa interpretação não resiste a um<br />

exame. Esse versículo se refere apenas à descida de Cristo a esta terra, de onde ele subiu<br />

novamente aos céus (cf. E f 4.9). Além disso, parece que Lucas 23.43 torna impossível essa<br />

interpretação. A expressão no Credo Apostólico tem sido interpretada de outras maneiras<br />

— como referência ao sofrimento de Cristo na cruz (Catecismo de Heidelberg) ou a seu<br />

sepultamento e permanência no túmulo durante três dias (Catecismo de Westminster).<br />

Um ponto de vista alternativo é ver nas referências em Ezequiel e em outras<br />

passagens uma simples alusão à sepultura. A expressão “profundezas da terra” é<br />

encontrada oito vezes. De especial significação são aquelas que aparecem em Ezequiel<br />

31—32, em que se descrevem Faraó e os reis da época como caídos, mortos, jazendo com<br />

os incircuncisos. Observe-se Ezequiel 32.24, em que se diz que Elão e seu exército estão<br />

no “sepulcro” 0qeber), nas “profundezas da terra” ('erets tahtiyôt) e na “cova” (6ôr). Nesses<br />

dois capítulos o lugar onde os pagãos jazem é chamado de “sepulcro” (qeber) seis vezes,<br />

“sheol” (IBB) cinco vezes, “cova” (bôr) oito vezes, e “profundezas da terra” cinco vezes.<br />

Parece provável que aí esses termos são empregados como sinônimos que se referem ao<br />

túmulo, o qual era tipicamente uma caverna de sepultamento, com prateleiras laterais,<br />

onde os corpos eram sepultados, às vezes com pompa e com as suas armas. Nesse uso,<br />

'erets tahtiyôt significa nada mais do que um lugar embaixo da terra, onde os mortos<br />

estão sepultados. Não se refere necessariamente a algum local mítico ou subterrâneo habitado<br />

por espíritos ou sombras. Não está implícita uma cosmologia ou mitologia especial.<br />

Os demais empregos de tahtt são Deuteronomio 32.22; Salmos 86.13; 63.9 [10];<br />

139.15; 88.6 [7], que parecem estar de conformidade com o uso em Ezequiel. Não parece<br />

necessário que as traduções apresentem uma ênfase com a idéia de “profundidade”.<br />

Naturalmente isso não nega que outros versículos falem da existência consciente do<br />

espírito depois da morte. Para um estudo mais aprofundado dessas e de outras passagens,<br />

cf. A. Heidel, Death and the afterlife in the OT, em The Gilgamesh epic, University of<br />

Chicago, 1949, p. 137-223.<br />

R.F.Y.<br />

]mnn (tahtôn). Veja on!2 504a.<br />

'nnn (tahtt), rrnm (tahtit). Veja o n? 2 504b.<br />

jiDTl (ttkôn). Veja o n? 2 498a.<br />

]D T I ( ttmãn). Veja o n? 872e.<br />

rnçrn (ttmãrâ). Veja o n! 2 523d.<br />

1638

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