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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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1188 (may)<br />

Aspectos Históricos<br />

As águas dos céus e da terra foram criadas por Deus. Numa síntese bem abrangente,<br />

Salmos 104 conta que Deus criou as águas nas nuvens (v. 3) e na terra (v. 6). Ele controla<br />

os seus limites (w . 7-9), determina fontes de onde brotará na terra (v. 10) e, por ordem<br />

sua, faz com que a chuva caia (v. 13), dessa forma tornando a terra frutífera e alegrando<br />

o coração do homem (w . 11-18).<br />

Muitos críticos liberais fazem um quadro grosseiro da cosmologia bíblica, em que as<br />

“águas sobre o firmamento” são contidas por um firmamento sólido, permitindo-se-lhes<br />

que caiam na terra através de “janelas” (veja o desenho de acordo com o modelo de S. H.<br />

Hooke em ZPEB, v. 1, p. 395). Na realidade essa é uma estranha mistura de tradução<br />

errônea e mau uso de linguagem figurada poética. O relato bíblico apresenta Deus criando<br />

as águas de cima (as nuvens aquosas dos céus) e as águas de baixo mediante a palavra<br />

de sua boca (Gn 1.7, 9). Uma “expansão” (em vez do derivado grego e latino “firmamento”)<br />

foi criada entre as duas massas (Gn 1.6). Aqui não se tem nenhuma idéia de rigidez,<br />

efeito-estufa ou solidez. Ao contrário, como se vê também em Ezequiel 1 e 10, essa é<br />

simplesmente uma expansão que separa as duas massas de água. Também não se deve<br />

relacionar as águas de baixo, especialmente o “abismo” de Gênesis 1.2 (fhôm)> com<br />

nenhum abismo inicial ou com nenhum monstro mitológico do caos. trhôm é uma palavra<br />

cananéia que designa o mar; cf. ugarítico (UT 19: n? 2 537), da mesma forma como “águas<br />

debaixo da terra” (Êx 20.4; Dt 4.18; 5.8) não são necessariamente águas do inferno, mas<br />

simplesmente a água abaixo da superfície de rios, mares e lagos, na qual os homens<br />

podem pescar. Semelhantemente, “janelas do céu” (IBB, Gn 7.11; 8.2) são representações<br />

metafóricas, pois em outras ocasiões essas mesmas “janelas” despejam cereais (2 Rs 7.2),<br />

bênçãos, talvez siclos (Ml 3.10), e dificuldades (Is 24.18). (Veja 'ãrubbã no verbete sobre<br />

hallôn.)<br />

Deus é também quem regula a quantidade de água e a fornece: ele faz a chuva cair<br />

“a seu tempo” (Lv 26.4; Dt 28.12). Ele abre as comportas dos céus para julgar (Gn 7.11-12)<br />

e as fecha (Gn 8.2-3). Mas mesmo o fluxo normal dos rios (Nm 24.6) e a presença de poços<br />

e fontes (Gn 16.14; Êx 15.23, 27) continua a receber a atenção de Deus. Sua capacidade<br />

de fornecer água se viu em sua provisão de água no deserto.<br />

Um dos fatores que afeta a distribuição e disponibilidade de água é a conduta do ser<br />

humano. A água é retida àqueles que quebram a aliança, aos desobedientes e aos que não<br />

têm lei (Lv 26.19; Dt 28.23; Am 4.7; 1 Rs 18.18), mas graciosamente dada como sinal da<br />

bênção de Deus àquela nação ou cidade que obedece à voz de Deus.<br />

Esse controle e propriedade divinos se vêem demonstrados no dilúvio, nos dias de<br />

Noé (Gn 7), no livramento no mar Vermelho (Êx 15.1-18), na travessia do rio Jordão pelo<br />

povo (Js 3.16; 4.18) e por Elias (2 Rs 2.8). É assim que as águas do mar Vermelho fazem<br />

distinção entre o povo de Deus e os idólatras de coração endurecido, ao passo que as<br />

águas do Jordão reconhecem a ordem dos que têm autoridade para tanto, a saber, os<br />

mensageiros daquele que controla todas as coisas. Semelhantemente, pela palavra do<br />

servo de Deus, Moisés, a água brotou da rocha para saciar uma nação sedenta (Êx 17.1-7;<br />

Nm 20.1-13; Sl 78.16, 20; Is 48.21).<br />

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