DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1486 i n ç (sãhar)
1486(1 “ Inpq (mishãr) mercadoria.
1486e trnno (sõheret) pedra usada (junto com mármore) em pavimentação
(Et 1.6).
Em seu sentido básico, “percorrer”, “circundar”, “rodear” (cf. o acadiano saKãru e o
acadiano antigo siKrum, “borda”), a raiz ocorre poucas vezes no AT: mais usual é o
particípio sõhér, “mercador”.
Considerações etimológicas constituem o principal problema acerca desta raiz,
conforme demonstrado por Speiser (veja-se a bibliografia). Embora os significados das
formas participais e da raiz verbal estejam bem estabelecidos, existe controvérsia quanto
ao sentido básico, se é “andar ao redor”, “percorrer”, nas cinco ocorrências verbais (Gn
34.10, 21; 42.34; Sl 38.10 [111; Jr 14.18) ou se a idéia é do sentido técnico do particípio,
“comerciar”, “negociar”. Speiser opta pela primeira hipótese; Albright (veja-se a
bibliogafia) e a maioria das traduções modernas, pela segunda.
Uma olhada nos contextos envolvidos mostra a complexidade do problema. No caso
da referência em Jeremias, pode-se assinalar que, embora alguém pudesse defender a
existência de uma classe sacerdotal e profética execrada e exilada que estaria
“percorrendo a terra a vender as suas mercadorias”, a denotação básica faz tão bom ou
melhor sentido. Em ambas as interpretações» a seca ocorrida nos dias de Jeremias foi um
sinal exterior da situação espiritual de Judá, uma situação cujo fim só poderia ser o juízo
do cativeiro e do exílio.
Dificilmente a súplica penitente do salmista pode ser conciliada com alguma idéia
econômica. O grau pelai aqui empregado necessariamente significa “meu coração palpita”
(BJ), com o que concordam a maioria das versões. GKC, p. 151, sustenta que o grau pelai
se refere caracteristicamente a uma rápida repetição no tempo, daí o sentido de “ir
rapidamente”.
O fato de o significado básico da raiz não se ter perdido até o século X o u v n a.C. não
prova que seja necessário adotá-lo nas três ocorrências mais antigas da palavra, em
Gênesis. De outro lado, o fato de que a antiga tradução em grego (século II a.C.), a versão
siriaca (século n d.C.) e a versão latina antiga (século IV d.C.) traduzem sãhar por
“comerciar” não é motivo suficiente para aceitar esse entendimento, visto que, à época em
que essas versões foram feitas, o significado da raiz havia caído em desuso. E de fato,
parece que a conclusão de Speiser — de que em Gênesis deve-se entender o sentido básico
da raiz — é mais adequada etimológica, sintática e contextualmente. Provavelmente ele
esteja certo em sua opinião de que a baixa freqüência do uso da raiz verbal é resultado
do uso freqüente de sãbab (q.v.), que tem sentido semelhante.
s a h a r , s ã h ã r . Lucro comercial. s * h õ r â . Mercadoria. Esses três derivados
harmonizam-se com o sentido especializado surgido no uso nominal (i.e., no particípio) do
verbo, usos bem demonstrados mediante comparação com outras línguas semíticas.
s õ h ê r â . Escudo pequeno, s õ h e r e t . Pedras coloridas. Estes dois derivados são raros.
sõhêrâ, “escudo pequeno” (somente em Sl 91.4; ARA, “escudo”), é em geral entendido como
o pequeno escudo usado em combate corpo a corpo ou como algum tipo de armadura (cf
o acadiano sihirtu, tashirátu, “arredores”) e tem uma clara relação com a raiz verbal
"heret. À semelhança de seu cognato acadiano sifíru, tem origem obscura. Ocorre
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