DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1594 3U? (*ãzab)
“pôr” (UT 19: n? 1 818. Veja-se U. CASSUTO, A commentary on the book o f Exodus, 1967,
p. 297; cf M. Dahood, JBL 78:303-9 quanto a Jó 9.27; 10.1; 18.4; 20.19; 39.14.)
O sentido básico de\ãzab pode ser visto claramente quando é usado literalmente, com
três ênfases distintas: “partir”, “abandonar” e “soltar”. Pessoas (Gn 44.22; Nm 10.30; Rt
1.16; 2 Rs 4.30), lugares (2 Rs 8.6; Jr 18.14; 25.38) e objetos (Gn 39.12-13; 50.8; Êx 9.21)
podem ser deixados para trás. “Deixar” pode ter o sentido de confiar algo a alguém (Gn
39.6; Jó 39.11), expor (Jó 39.14), permitir (Rt 2.16), deixar continuar como está (Js 8.17;
2 Cr 24.25; Ez 23.29), negligenciar (Dt 12.9; 14.27; Jó 20.19), pôr de lado (Jó 9.27) e soltar
(Jó 10.1), mas veja-se Dahood (citado acima) quanto ao significado de “darei livre curso
à minha queixa”.
Essa palavra também é empregada figuradamente tendo o homem como sujeito. Ele
pode abandonar a Deus, ou seja, apostatar. Em várias oportunidades Israel é acusado
disso (Dt 28.20.31.16; Jz 10.10; Jr 1.16). Ao abandonar o Senhor e ir atrás de ídolos,
Israel era culpado de quebrar a aliança (Jn 2.8 [91; Dt 29.24; 1 Rs 19.10, 14) e de
adultério (Os 4.10). Além disso, esse afastamento evidenciava-se no fato de o povo de Deus
abandonar o templo (2 Cr 24.18; cf Ne 10.39 [401).
Tendo o homem ainda como sujeito, esse verbo também é empregado para indicar o
deixar de lado qualidades virtuosas. Roboão abandonou o bom conselho dos idosos em
favor do mau conselho dos jovens (1 Rs 12.8, 13 = 2 Cr 10.8, 13). Mas a melhor ilustração
desse uso se encontra em Provérbios. O caminho da retidão (2.13; 15.10), da sabedoria
(4.2, 6), da repreensão (10.17), da lealdade e fidelidade (3.3) pode ser abandonado. O
salmista queixa-se de que sua força (Sl 38.10 [111) e sua coragem (Sl 40.12 [131) haviamno
abandonado.
Também é possível ao homem abandonar características indesejáveis. Confessar e
abandonar o pecado é alcançar misericórdia (PV 28.13). Os ímpios são instados a deixar
de lado seu modo de vida (Is 55.7). Os retos recebem instrução para abandonar a ira e o
furor (Sl 37.8).
Deus também pode ser o sujeito desse verbo, tendo o homem como o objeto. A
promessa é de que Deus jamais abandonará o justo; ele não permitirá que o justo caia nas
mãos dos ímpios (Sl 37.25, 33). Os pobres e os oprimidos, apesar de sua difícil condição,
não foram abandonados pelo Senhor (Sl 9.10 [111.Is 41.17). Em Salmos 22 o salmista está
convicto, por causa das terríveis circunstâncias em que se encontra, de que Deus o
abandonou, mas então conclui o salmo num tom triunfante, proclamando a fidelidade
divina (Sl 22.1 [2]; cf Mt 27.46). Pode-se afirmar que Deus, na verdade, não abandonou
o filho no seu relacionamento pessoal com ele, mas. conforme se vê no restante de Salmos
22.1, tirou-o do sofrimento. O grito dado da cruz cita a tradução aramaica: shãbaq, no
lugar de ‘ãzab no hebraico.
De particular interesse aqui é a promessa de Deus a Davi. Mesmo que seus filhos
abandonassem a lei divina, Deus não violaria sua aliança com a dinastia davídica (Sl
89.ÍJU-37 [31-381). No entanto, o cronista relembra a uaçãu de que, se abandonar a Deu3,
este por sua vez a abandonará (2 Cr 12.1, 5; 15.2). Ezequias é uma ilustração excelente
no que diz respeito ao indivíduo, pois Deus o desamparou “quando os embaixadores dos
príncipes de Babilônia lhe foram enviados para se informarem do prodígio que se dera
naquela terra ... [a fim de] prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração”
(2 Cr 32.31).
C.S.
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