DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1007 KGÇ (,kissê0
Ocorre 136 vezes, das quais 34 em 1 Reis, 17 em Jeremias e 15 em Crônicas. Com
apenas sete exceções, todas essas ocorrências referem-se a tronos reais ou divinos. Em
todos os casos, a palavra indica um assento de honra. Raiz idêntica aparece em ugarítico
(ks ) e acadiano (kussü, do sumério GU.ZA), ao passo que tanto o aramaico quanto o árabe
apresentam um r adicional: karsa’ (aramaico), kursiyu (árabe). Talvez um empréstimo
lingüístico.
Conforme mencionado acima, parece que a idéia básica da raiz é a de “assento de
honra” (Eúde, Jz 3.20; Eli, 1 Sm 1.9; 4.13; 18, etc.). A única possível exceção a isso acha-se
na descrição do pequeno quarto do profeta (2 Rs 4.10), onde a AR A traduz por “cadeira”.
Nos usos em que a tradução tem sido “trono”, um pequeno número de passagens tem
que ver literalmente com tronos. Tais textos são ou descrições de tronos (1 Rs 10.18; Ez
1.26, etc.) ou declarações acerca de reis que se assentam em tronos específicos para julgar
(Et 5.1; Jr 1.15; etc.), tratar de questões de estado (1 Rs 22.10) ou receber a honra que
lhes é devida (2 Rs 25.28).
A grande maioria das referências a trono usa a palavra figuradamente. Desse modo,
assentar-se no trono do reino era governar o reino ou, em alguns casos, começar a
governar o reino (cf. 1 Rs 16.11, etc.). Dos 87 usos figurados, pelo menos 47 indicam que
era Deus quem colocava alguém no trono ou então retirava-o dali. Muitas dessas
passagens estão relacionadas com o estabelecimento da linhagem davídica, e, destas, a
grande maioria diz respeito à subida ao trono de Salomão (1 Rs 1— 2). As freqüentes
afirmações de que Deus “estabeleceu” ou “firmou” (kün, q.v.) o trono de alguém indicam
também que a estabilidade de um rei, não importa o contexto em que isso ocorra, é
resultado da soberania de Deus.
Em várias oportunidades o livro de Provérbios enfatiza que nenhum trono se firma
mediante o uso da força, mas sim da misericórdia, justiça e retidão (Pv 16.12; 20.8, 28;
25.5; 29.14). Mas fica evidente que a pergunta imediata é: de acordo com o padrão de
quem? Para os hebreus esta não era uma pergunta difícil. Está claro que o verdadeiro Rei,
por quem todos os seres humanos, inclusive os reis, são julgados, é o Rei Celeste. O estudo
da relação entre a palavra kissê’ e a pessoa de Deus põe isto à mostra. O trono divino
está firmado para sempre (Sl 93.2; 103.19; Lm 5.19). Está firmemente estabelecido nos
céus (Is 66.1; Jr 3.17) bem como no local que ele escolheu, Jerusalém. Os
pronunciamentos que, estando em seu trono de juízo, ele faz são totalmente verdadeiros
e justos (Sl 74.8 [9]; 89.14 [15]). Em nenhuma outra passagem fica tão claramente exposta
a dicotomia entre o rei humano falível e o rei divino infalível como em 1 Reis 22. Nesta
passagem Josafá e Acabe estão sentados em seus magníficos tronos reais para receberem
a profecia de Micaías (v. 10). Mas Micaías relata que viu Deus sentado em seu trono, e
que ele deu uma palavra de condenação acerca dos esforços reais contra a Síria (v. 19).
Deus é o rei de Israel e Judá (cf. também Is 6.1).
Essa dicotomia está definitivamente resolvida no Messias. N a medida em que os
israelitas olhavam para a sua longa e desastrosa série de reis e na medida em que
comparavam tais reis com o padrão divino e perfeito é que eles vieram a ansiar por aquele
Filho de Davi que viria governar a eles e ao mundo com base no amor e não no egoísmo,
com eqüidade e não com parcialidade (Is 9.7 [6]; 16.5; Jr 22.11-23.6; Zc 6.13). O
testemunho do N T é que esse rei já veio e que toda a criação aguarda com grande
expectativa o dia da sua coroação, quando ele ascenderá ao seu trono para todo o sempre.
J.N.O.
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