DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

864 (yayin)
864 y %. (yayin) vinho.
Provavelmente um empréstimo lingüístico. Possui cognatos em línguas indoeuropéias:
grego, oinos; latim, vinum; português, vinho; alemão, Wein. Também aparece
nas línguas semíticas: acadiano, fnu; árabe, wayn (que significa “uvas pretas”); ej
ugarítico, yn (UT 19: n° 1 093). A palavra é empregada 140 vezes, 12 delas em combin
com shêkãr (ARA, “vinho e bebida forte”; BLH, “vinho e cerveja”). Suas propried
embriagantes são mencionadas pelo menos 20 vezes. E mencionado como uma be!
comum, como um dos componentes de banquetes e como material usado em “liba-
(ARA; BLH, “oferta de vinho”), embora neste caso não fosse ingerido. O verbo heb:
relacionado (násak) significa “derramar”. Essas ofertas eram derramadas sobre
sacrifícios que estavam no altar de bronze (Êx 29.40 e 30.9), mas, com sarcasmo, fal
que os deuses pagãos comem as ofertas de manjares e bebem as ofertas de bebida
lhes são oferecidas (Dt 32.38).
Enquanto ministravam, os sacerdotes eram proibidos de beber vinho (Lv 10.9,
é uma possível indicação de que Nadabe e Abiú profanaram o santuário [Lv 10.1-71
enquanto bêbados). Também os nazireus e a futura mãe de Sansão não deviam beber
vinho nem shêkãr (BJ, “bebida fermentada”; Jz 13.4; Nm 6.3). Os israelitas “não
comeram pão nem beberam vinho” durante os 40 anos no deserto (Dt 29.6). Os reis
deviam evitá-lo para poderem governar com mente lúcida (Pv 31.4-5). Salomão advertt
contra o uso do vinho por causa de suas conseqüências finais trágicas (Pv 23.30-31).
A abundância de vinho é, porém, interpretada como um símbolo de opulência (Gn
49.11-12; 1 Cr 12.40; Ez 27.18). Existem lugares que falam da alegria trazida pelo vinho
(Zc 10.7; 2 Sm 13.28; Et 1.10; Sl 104.15; Ec 9.7-10; 10.19; Is 55.1). Pode-se questionar se
nesses versículos o vinho é exaltado por causar essa alegria ou se os versículos utilizam
a desinibição da embriaguez incipiente como um símbolo de fartura e bênção — cf a
referência de Natã à poligamia como um símbolo de que Deus lhe deu riquezas (2 Sm
12.8).
Emprega-se também o vinho para, simbolicamente, referir-se à bebida que a
sabedoria mistura (Pv 9.2), à ira do Senhor (Jr 25.15, etc.), à calamidade (Sl 60.3 (51), ao
juízo da Babilônia (Jr 51.7), à violência (Pv 4.17) e a beijos e carícias (Ct 1.2; 4.10).
O vinho era a mais embriagante bebida conhecida nos tempos antigos. Todo vinho
era um vinho leve, isto é, não recebia acréscimo de álcool extra. O álcool concentrado só
se tornou conhecido na Idade Média, quando os árabes inventaram a destilação (“álcool*
é uma palavra de origem árabe), de modo que nos tempos bíblicos não se conheciam
bebidas destiladas ou fortes (ou seja, uísque, rum, aguardente, etc.) nem os vinhos de alto
teor alcoólico, como os de vinte graus. Fazia-se cerveja de diversas maneiras, mas o seu
teor alcoólico era baixo. A força dos vinhos naturais é limitada por dois fatores. A
percentagem de álcool será metade da de açúcar no mosto. E, caso o teor alcoólicc
ultrapasse bastante os dez ou onze por cento, as células de levedura morrem e
interrompe-se a fermentaçao. Os vinhos antigos provavelmente ficavam entre sete e dez
por cento. A embriaguez, portanto, era obviamente um mal antigo, mas o alcoolismo não
era tão comum ou tão grave como hoje em dia. E num contexto agrícola, seus efeitos eram
menos mortais do que agora. De qualquer forma, mesmo naquela época, tinha os seus
perigos, e Provérbios 20.1 e 23.29-35 são enfáticos em suas advertências. Para evitar o
pecado da embriaguez, praticava-se a mistura de vinho com água. Os rabinos da época
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