DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1241 (m erõd ã k)
“senhor”. Fora esta menção em Jeremias 50.2, o nome de Merodaque aparece na Bíblia
apenas em nomes pessoais, tais como Merodaque-Baladã (Marduk-apal-idinn), Evil-
Merodaque (Awel-Maruduk) e Mordecai.
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E desconhecida a origem do nome Merodaque, embora várias etimologias tenham sido
sugeridas. Em sumério a forma do seu nome é dA M A R - U D , e nos mais antigos registros
silábicos (em babilônio antigo) o nome é m a r u t u k (m a - r u - t u - u k ). A tradução seria “O
bezerro/filho de Utu (o deus-sol)”. Outra possibilidade é que o nome signifique “filho da
tempestade”, pois a idéia que os textos apresentam de Merodaque é mais de um deus da
tempestade, chuva, raios e trovões do que de um deus-sol (Jacobsen).
Em acadiano a forma do nome é m a r ( u ) d u k ( .u ) . E interessante a vocalização do seu
nome em hebraico, m rr õ d ã k (na LXX é m a r o d a k ) . Alguns estudiosos são da opinião de que
existe uma semelhança deliberada com ’ã d õ n a y y “meu senhor”. O mais provável é que
seja uma vocalização eufemística, assemelhando a palavra com r r f b õ r ã k , “maldito”.
Geralmente se diz que Merodaque foi exaltado à sua posição de supremacia no
panteão babilônico quando Hamurábi fez de Babilônia a capital política do sul da
Mesopotámia (século xvm a.C.), embora fosse conhecido como um deus de menor
importância já no terceiro milênio a.C. E, contudo, bem defensível a idéia de que somente
no reinado de Nabucodonosor I (c. 1100 a.C.) Merodaque realmente se tornou o “rei dos
deuses” (veja o texto de Lambert na bibliografia). Merodaque era filho de Enki (Ea) de
Eridu, o deus da sabedoria e patrono das artes mágicas. O próprio Merodaque foi pai de
Nabu, o qual, próximo do fim do período neobabilônico (século VI a.C.), suplantou o pai em
popularidade.
Merodaque era o deus da cidade de Babilônia. Ali o seu templo era chamado É - s a g -
i l a , “a casa que ergue bem alto a sua cabeça”. A seu lado encontrava-se a famosa torre de
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degraus (zigurate) E - T e m e n - a n - k i t aa casa dos alicerces dos céus e da terra”, com
aproximadamente 91 metros de altura. O grande portal oriental do templo, a porta santa,
que ficava fechada a tijolos o ano inteiro, era aberto quando da principal festa de
Merodaque, a festa de A k i t u (Ano Novo). Nesse dia comemorava-se o casamento de
Merodaque com sua noiva, Sarpanitu, levando-se as estátuas de ambos para fora dos
muros da cidade. Ali fora, simulando-se uma relação sexual entre os dois, assegurava-se
a fertilidade da terra no ano que se iniciava. Nessa festa também se recitava a história
de E n u m a E l i s h (o épico babilônico da criação). Merodaque, o herói dessa história, é
nomeado pelos deuses para liderar a luta contra Tiamat e, depois de vencê-la, modela o
universo a partir do corpo dela.
Conquanto mencionado nominalmente apenas em Jeremias 50.2, sob o nome de Bel,
fica ridicularizada a impotência de Merodaque como deus da Babilônia em Isaías 46.1;
Jeremias 51.44; e especialmente Daniel 14.1-22.
B i b l i o g r a f i a : — JACO BSEN , T. The battle between Marduk and Tiamat. JAOS 88:104-
108. — LAM BERT, W . G. The reign of Nebuchadnezzar I, a tuming point in the history
of ancient Mesopotamian religion. In: T h e s e e d o f w i s d o m . Ed. W. S . McCullough.
University of Toronto, 1964. pp. 3-13. — SCH O TT, A. Die Anfônge Marduks ais eines
assyrischen Gottes. ZA\v 43:318-21.
V.P.H.
(m u rd ã p). Veja o n? 2 124a.
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