30.03.2017 Views

DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1277 *K2] (/lãòãO<br />

"ferver e derramar” e, por conseguinte, “extravasar palavras, como aqueles que falam com<br />

mente fervorosa ou sob inspiração divina, como os profetas e poetas”. Ewald, Haevemick<br />

e Bleek concordam (veja Samuel D a v id s o n , I n t r o d u c t i o n t o t h e O T , v. 2, p. 230) como<br />

também o faz Oehler (O T T h e o l o g y , p. 363). Por essas razões a suposição deste grupo de<br />

autores é que a função do n ã b V é expressar revelações vindas do espírito de Deus<br />

(expressão vocal em êxtase). Neste caso, a posição do profeta é ativa. Outros, escritores<br />

antigos, inclusive S. Davidson ( i b i d ., p. 430), tomaram por base a mesma derivação e<br />

disseram que a atitude é passiva, sendo o sentido o de receber a fala divina e então<br />

proclamá-la, enfatizando a recepção da comunicação divina pelo n ã b V . A maioria dos<br />

estudiosos recentes inverte, com provável acerto, a relação entre n ã b ã ’ e n ã b i ’ ,<br />

considerando o verbo como denominativo (BDB; TDNT, v. 6, p. 796).<br />

A tendência tem sido afastar-se da idéia ativa de falar em êxtase como o sentido<br />

essencial do profetizar: “Rowley ... demonstra [ H a r v a r d t h e o l o g i c a l r e u ie w 38:1-38] que<br />

a palavra n ã b i ’, embora de etimologia incerta, não pode ser empregada como argumento<br />

em favor da natureza extática do ministério dos profetas” (EISSFELDT, The prophetic<br />

literature, I n T h e O T a n d m o d e m s t u d y , editado por H. H. Rowley, Oxford Press, 1951,<br />

p. 142).<br />

No momento são quatro os pontos de vista sobre a derivação da palavra: 1) De uma<br />

raiz árabe n a b a ’a , “anunciar”, daí “porta-voz” (Comill, Koenig, Eiselen, G. A. Smith). 2)<br />

De uma raiz hebraica, n ã b ã ’, forma abrandada de n ã b a , “borbulhar”, por conseguinte<br />

“extravasar palavras” (Gesenius, von Orelli, Kuenen, Girdlestone, Oehler). 3) De uma raiz<br />

acadiana n a b ú , “chamar”, por esta razão “aquele que é chamado [por Deus]” (Albright,<br />

Rowley, Meek, Scott). 4) De uma raiz semítica desconhecida (A. B. Davidson, KB, BDB, E.<br />

J. Young, Heinisch). Este último ponto de vista é preferido por Hobart E. Freeman em seu<br />

excelente livro An i n t r o d u c t i o n t o t h e O T p r o p h e t s (Moody, 1968, p. 37-9). Este parágrafo<br />

é um brevíssimo resumo da análise de Freeman.<br />

A idéia essencial da palavra é a de porta-voz autorizado ou oficial. Os intérpretes têm<br />

descoberto a idéia básica não na etimologia, que se perdeu nas brumas da antigüidade,<br />

mas no uso geral da palavra e em três textos clássicos do Pentateuco.<br />

O primeiro texto clássico segue-se à última das famosas objeções que Moisés levanta<br />

para não ser o porta-voz nomeado por Deus junto aos filhos de Israel e a Faraó (Êx 6.28-<br />

30): “Então disse o SENHOR a Moisés: Vê que te constituí como deus sobre Faraó, e Arão,<br />

teu irmão, será teu profeta. Tu falarás tudo o que eu te ordenar; e Arão, teu irmão, falará<br />

a Faraó” (Ex 7.1, 2). Portanto, qualquer que seja a origem da palavra, um n ã b i ’ é alguém<br />

autorizado a falar em nome de outrem, pois Arão, falando em lugar de Moisés a Faraó,<br />

é o n ã b V de Moisés.<br />

O segundo texto clássico vem logo após um incidente em que Arão e Miriã se<br />

atreveram a tomar o lugar de Moisés como mediador da revelação divina (Nm 12.1-2). O<br />

próprio Senhor veio, então, a intervir, declarando que somente Moisés teria conversa<br />

direta com o Todo-Poderoso e que ele, no entanto, se comunicaria com profetas através<br />

de sonhos e visões (Nm 12.4-8). O que fica sem ser dito, mas que é pressuposto e<br />

claramente afirmado em outras passagens ( e .g ., Jr 23), é que um n ã b i ’ de verdade poderia<br />

ser porta-voz divino somente se Deus lhe tivesse verdadeiramente dado uma mensagem<br />

(ainda que de forma obscura) para anunciar.<br />

O terceiro texto clássico ocorre logo antes da morte do grande legislador. Tendo em<br />

vista o fim das comunicações “face a face” de Deus através de Moisés, houve um anúncio<br />

formal da existência do ofício de n ã b V de uma forma contínua. Nesta passagem Dt 18.9-<br />

905

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!