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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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1188 "D (may)<br />

Aspectos Rituais<br />

Várias abluções rituais eram realizadas como símbolo de pureza moral interior, de<br />

preparativos para encontrar-se com Deus ou para adorá-lo e de inocência. Requeria-se<br />

lavagem ritual no caso de ordenação (Êx 29.4; Lv 8.6), dos preparativos que o sumo<br />

sacerdote fazia para o Dia da Expiação (Lv 16.4, 24), de lepra (Lv 14.5-7, 50-52), de fluxos<br />

sexuais (Lv 15.13) e de contato com cadáveres. Conquanto os ritos fossem por si mesmos<br />

incapazes de produzir pureza moral interior, eles apontavam para o que era fundamental,<br />

o estado de pureza interior da pessoa, e para seu reconhecimento da santidade de Deus.<br />

Existe um uso específico de água numa espécie de teste psicológico (Nm 5.11-31), que<br />

não tem paralelo algum conhecido no antigo Oriente Médio. E o teste do ciúme. (No<br />

Oriente Médio uma provação de verdade envolvia perigo físico, do qual supunha-se que<br />

a pessoa seria livrada, por exemplo, ao ser jogada num rio. Na Idade Média acreditava-se<br />

que segurar um ferro quente ou andar através do fogo era uma demonstração de<br />

inocência. A Bíblia não contém nenhum exemplo desse tipo de provação.)<br />

Caso um marido com ciúmes suspeitasse que a esposa tivesse cometido adultério sem<br />

que disso houvesse testemunhas, ele poderia trazê-la diante do sacerdote. Este então<br />

aspergiria pó do chão do santuário sobre um recipiente com água, dessa forma transformando-a<br />

em “água amarga”. Exigia-se que a mulher repetisse uma fórmula de<br />

maldições que o sacerdote escreveria num rolo, o qual então seria lavado na água amarga.<br />

Não há dúvida de que o efeito resultante no corpo da mulher, depois de ela ter bebido a<br />

água, era psicossomático, sendo que Deus usaria a mente e as emoções para produzir os<br />

sinais que indicavam culpa ou inocência. Jeremias refere-se a essa provação quando<br />

anuncia (8.14; 9.15 [14]; 23.15) que todo Israel há de beber água “venenosa” ou “amarga”.<br />

A água também desempenha um papel importante no ritual realizado no caso de um<br />

assassinato não desvendado. Exigia-se daqueles que viviam mais próximos da cena do<br />

crime que lavassem as mãos sobre uma novilha sacrificada (Dt 21.1-9) a fim de purificar<br />

a área, o que provavelmente deu origem ao costume de lavar as mãos como sinal de<br />

inocência (Sl 26.6; 73.13; c f Mt 27.24).<br />

O A T jamais incentivou oferecer água (ou “derramar água”) aos mortos, como alguns<br />

interpretariam a partir de Deuteronomio 26.14; 1 Samuel 7.6; e Jeremias 16.7. Nem<br />

estabelece relação entre água e magia, pois Deuteronômio 18.9-14 claramente condena<br />

tais práticas. O copo de adivinhações de José (Gn 44.5) é um pretexto, baseado na prática<br />

idólatra da hidromancia, com que José logra seus irmãos.<br />

Aspectos Metafóricos<br />

A água aparece em muitas metáforas. O anelo por Deus, aquele que é a fonte de<br />

“águas vivas” (Jr 2.13), é como o desejo que uma corça sedenta tem de água (Sl 42.1 [21).<br />

Conseqüentemente, todos os que bebem dele (Is 55.1-2) são “como um jardim regado, e<br />

como um manancial cujas águas jamais faltam” (Is 58.11) ou como árvores junto ao rio<br />

(Sl 1.3; Jr 17.8). Longe de Deus o homem é como uma terra árida, sem água, condenada<br />

à destruição (Sl 143.6).<br />

Na esfera do casamento, a satisfação sexual com a própria esposa é comparada ao<br />

“beber água” da própria cisterna (Pv 5.15; Ct 4.15), enquanto a prostituição implica em<br />

beber “águas roubadas” (Pv 9.17).<br />

Outras figuras de linguagem apresentam o coração temeroso como aquele que se<br />

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