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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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644 !"íTi (hãyâ)<br />

versículos são expressões de simples observação física. O fato é que, em contraste com<br />

idéias mesopotâmicas da criação, nas quais o homem fora criado para ser mortal, no AT<br />

ele foi criado para a vida imortal, não como espírito, mas como homem total, corpo e alma<br />

(Life, Z P E B, 3:927). A chegada da morte era vista como algo antinatural.<br />

A palavra hãyâ tem, no AT, uma amplitude de significados que inclui “prosperar”,<br />

“sustentar a vida” ou “nutrir” (Gn 27.40; Gn 45.7; 2 Rs 18.32; 1 Sm 10.24; 2 Sm 12.3) ou<br />

“restaurar à saúde”, “curar”, “recuperar” (Js 5.8; 2 Rs 1.2; 8.10).<br />

Em contraste com o antigo Oriente Médio, onde as pessoas buscavam ligar-se às<br />

forças da vida, que eram concebidas sob o aspecto das divindades da natureza, por meio<br />

de récitas de mito acompanhadas de rituais mágicos apropriados, no AT a vida é decidida<br />

por uma relação com os padrões justos da Palavra de Deus. Moisés coloca o povo na<br />

posição de ter de decidir entre a vida e a morte colocando diante dele a Palavra de Deus<br />

(Dt 30.15-20). Israel é exortado a escolher a vida, “porque esta palavra não é para vós<br />

outros cousa vã, antes é a vossa vida” (Dt 32.47). Bultmann observa que Ezequiel “liberta<br />

a vida de todos os falsos apoios e obrigações e a relaciona inteira e totalmente à Palavra<br />

de Deus (Ez 3.18 e ss.; 14.13 e ss.; 18.1 e ss.; 20.1 e ss.; 33.1 e ss.)” (TDNT, v. 2, p. 845).<br />

Em Provérbios o homem é mais uma vez chamado a decidir pela vida abraçando a<br />

Sabedoria (Pv 2.19; 5.6; 6.23; 10.17; 15.24). Apegando-se a Deus, os justos têm vida (Hc<br />

2.4; cf. Am 5.4, 14; Jr 38.20).<br />

Por outro lado, há também o sentido um tanto abstrato em que alguém “vive” pelas<br />

palavras de Deus, “não só de pão’’ (Dt 8.3; Sl 119.50, 93). Alguns insistem em que isto se<br />

re fira à prosperidade como recompensa pela obediência, e não à qualidade espiritual da<br />

▼ida, como Jesus parece ter interpretado Deuteronomio 8.3. Se considerarmos, todavia,<br />

a unidade bíblica da natureza humana, a passagem obviamente se refere a ambos os<br />

conceitos.<br />

Embora seja difícil demonstrar qualquer conceito desenvolvido de imortalidade<br />

incorpórea no AT, há bom número de passagens em que o verbo hãyâ significa “restaurar<br />

à vida”, o que significaria triunfar sobre a morte. Uma vez que a terminologia do a t usa<br />

“morte” e “vida” com grande variedade de nuanças, em algumas passagens é difícil<br />

determinar onde o autor quer indicar doença ou perigo de extrema gravidade ou aquilo<br />

que hoje chamaríamos de “morte”. (O leitor deve lembrar-se de que a medicina moderna,<br />

a despeito de toda a sua sofisticação tecnológica, tem dificuldades em definir a morte<br />

real.) Duas dessas passagens são 2 Reis 13.20, 21, onde o corpo de um homem “revive”<br />

ou é “restaurado à vida” ao tocar os ossos de Eliseu. A outra passagem é 1 Reis 17.17-24,<br />

onde Elias “restaura à vida” o corpo do filho da viúva. Ambas as passagens parecem lidar<br />

com ressurreição de mortos, mas seria difícil provar, exclusivamente a partir da<br />

terminologia, se tais pessoas foram ressuscitadas ou simplesmente revividas. Todavia, as<br />

r-ísoas envolvidas em 2 Reis 13.20, 21 estão tratando o homem como morto, ou seja,<br />

enterrando-o, ao passo que ao menino “não restava mais fôlego”. Assim, em ambos os<br />

casos a pessoa foi recebida de volta à vida daquilo que os hebreus denominavam “morte”.<br />

O salmo 49, apesar de usar a palavra hãyâ apenas duas vezes (w . 9, 18 [10, 19]) é<br />

m it o instrutivo quanto à opinião do salmista sobre a vida e a morte. Ele ensina que os<br />

fimpíos perecem. Não há meio de redimi-los para que continuem a viver para sempre sem<br />

w er a morte (w . 7, 8 [8, 91). Apesar disso, o salmista não é totalmente negativo quanto à<br />

morte. Ele expressa sua fé na promessa divina de resgatá-lo do poder da sepultura (Seol),<br />

pcss afirma: “Deus me receberá” (tomará, raptará, como Enoque e Elias, ver lãqah). Esta<br />

passagem deveria ser ligada a Salmos 17.15, “ao acordar me satisfarei com a tua<br />

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