DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1999 m p (qüm)
plesmente “agora senta-te”. Essa raiz pode ter a conotação de uma ação que demonstra
respeito. Balaão diz a Balaque para “levantar-se” a fim de receber o oráculo divino (Nm
23.18). Deus ordena a seu povo que se levante diante dos idosos (i.e., honre as pessoas de
idade, Lv 19.32). Essa ênfase é transferida para o culto público. Quando Moisés entrava
na tenda, todas as pessoas “se levantavam”, cada uma à sua porta, e adoravam (Êx
33.10), dessa maneira demonstrando o devido respeito para com Deus. Quando Deus
livrar o seu povo, até mesmo reis se levantarão (o verbo faz paralelo com “adorar”, Is
49.7). Outros usos no contexto de adoração pública abrangem o levantamento e a
consagração de objetos ou altares sagrados (Dt 27.4). Deus ordena que não se ergam
ídolos (Lv 26.1). Aliás, no eschaton ele verá o cumprimento desse mandamento (Is 27.9).
O verbo também possui um uso oficial. Ou seja, aplica-se ao ato de assumir um cargo em
particular, por exemplo, tornar-se o chefe religioso de um clã (Gn 37.7), tomar-se profeta
(Dt 34.10), tornar-se juiz (Jz 10.1). Esses cargos se caracterizam por sua sucessão nãohereditária
(a palavra não era aplicada ao ofício sacerdotal). O vocábulo possui ainda um
uso jurídico, pelo qual indica a validade do testemunho dado por alguém em juízo (Dt
19.15). Um uso correlato está no sentido da transferência válida de bens (Gn 23.17).
Talvez Deus esteja referindo-se a esse sentido legal quando diz que sua palavra
permanecerá (Nm 23.19; Is 40.8; etc.). Esse emprego freqüentemente ocorre em contextos
referentes a alianças e, especialmente, à aliança divina. Deus declara a sua aliança aos
homens (Gn 9.11) e afirma que cuidará para que ela se cumpra (Gn 17.19). Em vários
momentos históricos Deus destaca que estabeleceu (com freqüência um hifil de qüm ) a sua
aliança (Êx 6.4). Ele se assegura de que os homens reconheçam que as bênçãos da aliança
dependem da sua obediência (Dt 28.9), embora jamais devam se esquecer de que a bênção
não vem como resultado de algum mérito da parte deles (Dt 9.5). A troca dos vocábulos
kãrat, “cortar”, e hêqim, “estabelecer”, quando usados junto com berit, “aliança”, não se
deve a fontes diferentes (J/E e P, respectivamente), mas a diferenças semânticas entre
“iniciar” ou “fazer” (kãrat) uma aliança e “confirmar” ou “estabelecer” (hêqim) uma
aliança. Ao longo da história de Israel esses temas inter-relacionados vêm à tona, e
homens piedosos declaram a fidelidade de Deus em levar a cabo a sua aliança (e.g., 1 Rs
8.20). Em última instância, todas as promessas humanas cairão por terra e apenas a
aliança de Deus permanecerá de pé (Is 28.18). As alianças temporais de Deus são etapas
na revelação de sua aliança eterna, que é a expressão de seu conselho (Is 46.10) e
propósito (Is 14.24) inabaláveis. Sua vontade (aliança) encontra expressão perfeita e
completa na pessoa e obra de Jesus Cristo (e.g., G1 3; Hb 9).
Finalmente, o vocábulo é muitas vezes usado em contextos marciais. Refere-se a
preparativos para a guerra (Jz 7.15), a envolvimento em combate (Êx 2.17) e a vitória em
V
batalha (ou luta, Js 7.2). As vezes qüm tem a conotação de vitória antevista ou ocorrida.
Quando Deus entra em combate, a vitória é certa. Desse modo, a palavra pode denotar
a ação divina de criar, salvar e julgar. Homens piedosos freqüentemente o procuram a fim
de que se levante em favor deles (Nm 16.35). Isso aclara o texto de muitos salmos em que
a idéia de vitória não é imediatamente aparente (Sl 3.7 [8]); 76.9 [10]; 35.2). Quando Deus
está do lado de alguém, esse prevalece sobre os seus inimigos. Aqueles que estão contra
Deus são advertidos de que experimentarão derrota imediata (Sl 89.43 [44]) e futura (Sl
1.5).
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