DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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mesmo tempo, de bem e de mal. Numas poucas passagens a palavra tem o sentido físico,
por exemplo, quando se referem à língua de homens que lambem a água (Jz 7.5), têm sede
(Lm 4.4) e são mudos (Jó 29.10; Sl 137.6; Ez 3.26), ou à de animais como cães (Êx 11.7),
crocodilos (Jó 40.25) e víboras (Jó 20.16). Por extensão, tem o sentido geográfico de
“língua” de terra que avança mar Morto adentro (Js 15.2, 5; 18.19; Is 11.15) e o
significado de barra de ouro em forma de língua (Js 7.21, 24; ARA, “barra”).
Contudo, a maior parte da atenção concentra-se no mau uso da língua, sendo Salmos
52 (especialmente w . 2, 4 [4, 6]) a passagem didática clássica a respeito. Aí Doegue, o
edomita, usou a língua para, por mentiras, levar Saul a destruir a casa sacerdotal de
Aimeleque (1 Sm 22.7 e ss.). Mas Salmos 51 destaca-se como um exemplo do uso correto
da língua, que canta a retidão de Deus depois de experimentar a purificação do pecado
(v. 14 [16]; veja também Sl 126.2).
A língua é o agente de muitos males: subversão (Pv 10.31), calúnia (Pv 17.4),
adulação (Sl 5.9 [10]), maldade e problemas (Sl 10.7), arrogância (Sl 12.4 [5]), ferimento
em outros (Sl 52.2 [4]) e falsidade (Pv 17.4; 6.17; 12.19; 21.6; 26.28; Sl 78.36; 120.2-3; Mq
6.12). Ela pode ser como a língua de uma víbora (Sl 140.3 [4]), um arco ou uma flecha (Jr
9.3 [2], 8 [7]), uma espada afiada (Sl 57.4 [5]; 64.3 [4]; Os 7.16), uma navalha (Sl 52.2 [4]).
Pode-se usar a língua como uma arma (Jr 18.18) porque “a morte e a vida estão no poder
da língua” (Pv 18.21). Todos esses usos da língua são, em última instância, dirigidos
contra Deus, pois, embora violem na maioria das vezes o nono mandamento, são
acompanhados de uma arrogância e auto-suficiência que usurpam o lugar de Deus (Os
7.16). Com uma “língua estranha” Deus dará uma lição em todos aqueles que zombam de
sua mensagem e, tontos como se estivessem embriagados, queixam-se da mensagem
enfastiante dos profetas, que conclamam o povo a observar a lei divina; ele os enviará
para o exílio no estrangeiro (Is 28.11; cf. Jr 5.15, uma “nação cuja língua ignoras”).
Os mais atrevidos de todos são os falsos profetas (Jr 23.31). Anunciam que haverá
paz num golpe para conquistarem popularidade (23.16 e ss.). Mas não conseguem fazer
distinção entre os seus próprios sonhos e a verdadeira profecia (23.28 e ss.) e imitam e
distorcem a sentença pesada do Senhor (23.36 e ss.). Oposto a isso temos a relutância de
Moisés, que se queixou de que tinha uma língua pesada (Êx 4.10), muito embora Estêvão
tenha testemunhado de que Moisés era poderoso em palavras e obras (At 7.22). As
palavras de Moisés não se referiam, portanto, a algum problema físico que o impedia de
falar, mas sim a um certo tipo de prontidão para debater. A solução divina foi uma
promessa de estar com a sua língua e de enviar-lhe uma outra língua, Arão.
A língua do justo, no entanto, é muito preciosa, valendo tanto quanto a prata
escolhida (Pv 10.20). Quando sábios falam, trazem saúde a seus ouvintes (Pv 12.18);
empregam adequadamente o conhecimento (Pv 15.2). A sabedoria e a bondade
caracterizam a língua da mulher virtuosa (Pv 31.26). Nem um só pensamento, resposta
ou palavra proferida pela língua é desconhecido do Senhor (Sl 139.4; Pv 16.1-2; 2 Sm
23.2).
No futuro dia do Senhor, não se achará a língua enganosa no meio do remanescente
(Sf 3.13); até mesmo a língua do mudo gritará de alegria (Is 35.6).
B ib lio g ra fia : — SURGY, Paul de. Tongue. In: DBT. p. 533. — Behm, J. glõssa. In:
TDNT. V. 1, p. 721.
W .C .K .
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