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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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1615 TI? (‘ir)<br />

*£r indica uma povoação permanente sem referência a tamanho ou situação política.<br />

Nenhuma das palavras que atualmente empregamos (tais como cidade, distrito, povoado<br />

ou vilarejo, transmite adequadamente o sentido ou a imagem mental despertada por essa<br />

palavra. Não apenas existem diferenças entre a cidade antiga e a moderna, mas também<br />

havia diferenças entre as próprias cidades antigas, tornando ainda mais difícil a definição.<br />

A distinção básica entre uma cidade e uma aldeia (hãtsèr e bãnôt — esta última<br />

significa literalmente “filhas*) é que na antigüidade (ir tinha muros. As freqüentes<br />

referências à “porta” da cidade, onde ocorriam atividades governamentais, ressaltam a<br />

natureza murada das cidades. Os anciãos das cidades são com freqüência mencionados<br />

como pessoas que tinham algum cargo governamental. Já nos tempos de Gilgamesh, as<br />

cidades da Mesopotámia possuíam um concilio de anciãos, ns quais o rpi tinha He<br />

consultar antes de iniciar uma guerra. As aldeias ficavam numa área agrícola adjacente<br />

à cidade e, por sua vez, dependiam da proteção da cidade.<br />

A. R. Hulst afirma que nada se pode dizer com certeza acerca do sentido básico da<br />

palavra. Assim mesmo deve-se pensar que algum tipo de fortificação está relacionado com<br />

a palavra ‘ir (THAT, v. 2, p. 267). Além das cidades fortificadas com muros altos, portas<br />

e ferrolhos, Deuteronômio 3.5 menciona “cidades sem muros” (‘ãrê happ'rãzí). Nestas<br />

últimas cidades a proteção deve ter sido bem limitada. Strathmann assinala que, embora<br />

a LXX geralmente traduza ‘ir por p o lis, a idéia grega de “cidade'’ difere radicalmente da<br />

de Israel. Em seu uso sofisticado, p olis tem como idéia fundamental a instituição política,<br />

ao passo que ‘ir (cf. o grego ’astu) destacava a condição de lugar protegido. Segundo<br />

Strathmann, “não há no AT nenhum vestígio do mundo de idéias que os gregos associavam<br />

com polis.... A importância das cidades fem Israel] repousava na resistência que, devido<br />

às suas fortificações, podiam oferecer a agressores; na proteção que podiam dar a seus<br />

moradores” (TWOT, v. 7, p. 23).<br />

Sinônimos dessa palavra são qeret e qiryâ, ambas com o sentido de “cidade* e com<br />

nenhuma ou quase nenhuma diferença de significado com relação a ‘ir. No entanto, esses<br />

dois vocábulos são empregados principalmente em passagens poéticas, sendo que qeret<br />

aparece exclusivamente em poesia. Ademais, o uso das duas palavras é limitado ao passo<br />

que ‘ir é usado umas 1090 vezes<br />

A Bíblia diz que a civilização urbana começou com Caim, que construiu uma cidade<br />

e deu-lhe o nome de seu filho, Enoque. Na tábua dos descendentes de Noé (Gn 10)<br />

diversas cidades são mencionadas, cidades que foram construídas depois cia dispersão a<br />

partir da torre de Babel (Gn 11). Com base nesses dois trechos, alguns estudiosos pensam<br />

que há no livro de Gênesis uma predisposição contra a cidade (c f G. W a l l i s . Die .Stadt<br />

in den Überlieferungen des Genesis, ZAW 78 [1966]: 133-48). Mas Hulst sustenta que tal<br />

juízo não corresponde ao testemunho do AT. Assim sendo, as cidades são uma dádiva boa<br />

do Senhor a Israel (Dt 6.10), e em Gênesis 11o pecado não é a edificação da cidade (THAT,<br />

v. 2, p. 271). Cidades continuaram a merecer destaque nas Escrituras até o fim de<br />

Apocalipse, onde se descreve a nova Jerusalém (Ap 21— 22).<br />

Para esse verbete é significativo o fato de que cidades possuem virtudes ou defeitos<br />

de caráter. Em parte isso se deve ao fato de que muitas vezes a palavra “cidade” na<br />

verdade significa “habitantes”. Uma cidade pode gritar (1 Sm 4.13; 5.12) e pode se agitar<br />

(Rt 1.19; c f Mt 21.10). Ela pode ser caracterizada como justa (Is 1.26), fiel (Zc 8.3) e santa<br />

(Is 48.2; 52.1; Ne 11.1, 18). Todas as qualidades acima descrevem Jerusalém. Uma cidade<br />

pode experimentar alegria (Jr 49.25), estimular a confiança (Jr 5.17) e ter renome (Ez<br />

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