11.08.2017 Views

BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte Geral

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

analíticas a abandonarem a pretensão <strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r<br />

essências próprias do ontologismo. De uma ou <strong>de</strong> outra<br />

forma, passou-se a reconhecer que a aproximação com o<br />

mundo está fundamentalmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

linguagem utilizada para a ele nos referirmos. As<br />

palavras não são puros reflexos necessários das coisas,<br />

mas apenas nosso modo <strong>de</strong> vê-las. Ao darmos nome a<br />

u ma coisa, elegemos que parte da realida<strong>de</strong> caberá<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse nome. Nem mesmo a realida<strong>de</strong> física<br />

<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> antes da linguagem on<strong>de</strong> começa uma coisa e<br />

on<strong>de</strong> começa outra: a natureza não está dividida nas<br />

coisas que nós distinguimos com palavras. O alcance e<br />

o sentido das palavras não são impostos, mas resultam<br />

do consenso no processo <strong>de</strong> conhecimento, ou seja,<br />

s ão convencionais. No mundo da cultura, a liberda<strong>de</strong><br />

criadora das palavras é maior que qualquer construção<br />

humana, porque os elementos culturais são criações<br />

coletivas consensuais através <strong>de</strong> palavras.<br />

Indiscutivelmente, a linguagem é a criação cultural<br />

básica, paradigma <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mais. E no mundo<br />

globalizado em que vivemos, on<strong>de</strong> as socieda<strong>de</strong>s se<br />

caracterizam pela pluralida<strong>de</strong> cultural, estando sujeitas a<br />

mudanças contínuas em virtu<strong>de</strong> dos intensos fluxos <strong>de</strong><br />

pessoas e intercâmbio <strong>de</strong> informações, já não é possível<br />

sustentar a razoabilida<strong>de</strong> da argumentação jurídica<br />

partindo <strong>de</strong> estruturas lógico-objetivas imutáveis.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!