11.08.2017 Views

BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte Geral

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

terá <strong>de</strong> ser sacrificada para salvar outra. Em tais<br />

hipóteses, o <strong>Direito</strong>, reconhecendo sua impotência para<br />

salvar os bens em perigo, admite que um <strong>de</strong>les seja<br />

sacrificado em benefício do outro, aguardando a<br />

solução natural, para proclamá-la legítima 21 . Aliás, nem<br />

adiantaria dispor <strong>de</strong> forma diversa, uma vez que o<br />

instinto <strong>de</strong> sobrevivência e <strong>de</strong> preservação pessoal é<br />

muito mais forte do que qualquer “coação psicológica”<br />

que a sanção penal possa representar. Mas, nessas<br />

situações, ao contrário do que entendia o<br />

jusnaturalismo, segundo o qual haveria a <strong>de</strong>rrogação<br />

da or<strong>de</strong>m jurídica, o <strong>Direito</strong> continua presente e vigente,<br />

apenas acomoda-se <strong>de</strong>ntro dos limites das<br />

possibilida<strong>de</strong>s humanas, para manter-se eficaz, sob<br />

pena <strong>de</strong> normativizar paradoxalmente, alheio à realida<strong>de</strong><br />

social. Esse sentido humanitário do <strong>Direito</strong>, não<br />

exigindo renúncias heroicas, é, também, fundamento<br />

ético-social para excluir a ilicitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> comportamentos<br />

praticados em estado <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>. Sendo, por isso,<br />

indicativo <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>limitação das condutas<br />

justificadas pelo estado <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> não está<br />

submetida a uma estrita pon<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> bens.<br />

O estado <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> não se confun<strong>de</strong> com a<br />

legítima <strong>de</strong>fesa. Nesta, a reação realiza-se contra bem<br />

jurídico pertencente ao autor da agressão injusta,<br />

enquanto naquela a ação dirige-se, via <strong>de</strong> regra, contra

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!