11.08.2017 Views

BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte Geral

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

direito penal como consequência da concepção<br />

cartesiana 48 . Na verda<strong>de</strong>, segundo essa concepção, a<br />

ação era entendida como um fato composto <strong>de</strong> um<br />

aspecto físico (movimento corporal) e <strong>de</strong> um aspecto<br />

mental (a vonta<strong>de</strong>). Em razão da contribuição da mente<br />

era possível distinguir ontologicamente os fatos<br />

humanos dos fatos naturais e dos fatos dos animais. No<br />

entanto, a evolução da filosofia da ação admite o<br />

abandono <strong>de</strong> concepções ontológicas e uma mudança<br />

na concepção da ação. Renuncia-se a um conceito<br />

ontológico, como algo que ocorre, que as pessoas<br />

fazem e que constitui o substrato do valorado nas<br />

normas. Por conseguinte, para que se possa avaliar se<br />

existe uma ação não é necessário o socorro <strong>de</strong><br />

parâmetros psicofísicos, mediante o recurso da<br />

experiência.<br />

A ação <strong>de</strong>ve ser entendida <strong>de</strong> forma diferente, não<br />

como “o que as pessoas fazem”, mas como o<br />

significado do que fazem, isto é, como um sentido.<br />

Todas as ações não são meros acontecimentos, mas<br />

têm um sentido (significado), e, por isso, não basta<br />

<strong>de</strong>screvê-las, é necessário entendê-las, ou seja,<br />

interpretá-las. Diante dos fatos, que po<strong>de</strong>m explicar-se<br />

segundo as leis físicas, químicas, biológicas ou<br />

matemáticas, as ações humanas hão <strong>de</strong> ser<br />

interpretadas segundo as regras ou normas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!