11.08.2017 Views

BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte Geral

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong> modo a causar lesão ou expor a perigo <strong>de</strong> lesão um<br />

bem jurídico tutelado” 23 . Não há, pois, uma<br />

antijuridicida<strong>de</strong> formal, ou seja, uma simples infração <strong>de</strong><br />

um <strong>de</strong>ver, uma <strong>de</strong>sobediência à norma, mas uma<br />

antijuridicida<strong>de</strong> material, constituída pela lesão <strong>de</strong> um<br />

bem jurídico tutelado por essa mesma norma. Dentre as<br />

inúmeras consequências práticas, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> admitir a construção <strong>de</strong> causas<br />

supralegais <strong>de</strong> justificação, como já referimos, além da<br />

<strong>de</strong>spenalização <strong>de</strong> fatos que, com a evolução éticosocial,<br />

per<strong>de</strong>ram seu caráter lesivo e a consequente<br />

reprovabilida<strong>de</strong>, possibilitando, igualmente, a exclusão<br />

do injusto das chamadas lesões insignificantes.<br />

A ilicitu<strong>de</strong> na área penal, como <strong>de</strong>stacava o Ministro<br />

Assis Toledo, não se limita à ilicitu<strong>de</strong> típica, ou seja, à<br />

ilicitu<strong>de</strong> do <strong>de</strong>lito, sempre e necessariamente típica.<br />

Exemplo <strong>de</strong> ilicitu<strong>de</strong> atípica po<strong>de</strong> ser encontrado na<br />

exigência da ilicitu<strong>de</strong> da agressão — “agressão injusta”<br />

— na legítima <strong>de</strong>fesa, que nada mais é do que agressão<br />

ilícita. A agressão autorizadora da reação <strong>de</strong>fensiva, na<br />

legítima <strong>de</strong>fesa, não necessita revestir-se da qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> crime, isto é, “não precisa ser um ilícito penal, mas<br />

<strong>de</strong>verá ser, no mínimo, um ato ilícito, em sentido amplo,<br />

por não existir legítima <strong>de</strong>fesa contra atos lícitos” 24 ,<br />

com exceção, logicamente, da legítima <strong>de</strong>fesa putativa.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!