11.08.2017 Views

BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte Geral

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

primeira vista, a <strong>de</strong>sconfiar que essa previsão legal é<br />

pleonástica, porque, se é uma causa superveniente que,<br />

“por si só”, produziu o resultado, po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r<br />

que é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da conduta, e, portanto, o<br />

problema já estaria resolvido pelo caput do art. 13. Com<br />

o juízo hipotético <strong>de</strong> eliminação atribuiríamos o<br />

resultado a essa causa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e afastaríamos o<br />

nexo <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> entre a conduta anterior e o<br />

resultado subsequente. Mas, como se afirma que a lei<br />

não contém palavras inúteis ou <strong>de</strong>snecessárias,<br />

<strong>de</strong>vemos buscar o real significado da norma. E,<br />

realmente, constatamos que o legislador refere-se aqui a<br />

uma in<strong>de</strong>pendência relativa, e não absoluta.<br />

Mas ainda se po<strong>de</strong>rá perguntar: se uma causa é<br />

relativamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, como po<strong>de</strong>rá causar, por<br />

si só, o resultado? A situação <strong>de</strong>ve ser interpretada da<br />

seguinte forma: quando alguém coloca em andamento<br />

<strong>de</strong>terminado processo causal po<strong>de</strong> ocorrer que<br />

sobrevenha, no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong>ste, uma nova condição —<br />

produzida por uma ativida<strong>de</strong> humana ou por um<br />

acontecer natural — que, em vez <strong>de</strong> se inserir no fulcro<br />

aberto pela conduta anterior, provoca um novo nexo <strong>de</strong><br />

causalida<strong>de</strong>. Embora se possa estabelecer uma conexão<br />

entre a conduta primitiva e o resultado final, a segunda<br />

causa, a causa superveniente, é <strong>de</strong> tal or<strong>de</strong>m que<br />

<strong>de</strong>termina a ocorrência do resultado, como se tivesse

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!